27.5.10

"Vamo lá, né?"

O que significa um porteiro na vida das pessoas? Porteiro, segurança, sei lá? Não sei como chamá-los, mas ainda pergunta: o que eles significam para você?

O abridor da porta? O cara que não vai deixar nada acontecer com seu prédio ou sua casa ou, pelo menos, é o que esperamos?

Para mim é o cara que me dá um "empurrão" toda vez que saio de casa com seu discurso curto e profundo:

"Vamo lá, né?"

Meu dia de faculdade e trabalho fica mais motivado com essas curtas palavras. Estranho, não é?

(Não esqueçamos o sorriso otimista)

22.5.10

Leveza

São poucas as vezes que o acaso aparece. E hoje eu estava leve até demais. Leve demais para quem acordou atrasada para o trabalho num sábado de manhã. Não sei ao certo se deveria ficar irritada porque acordei atrasada ou porque eu trabalho no sábado de manhã. Não acho humano trabalhar de manhã. Não funciono bem de manhã para trabalhar. Partem do princípio que estarei acordada para entender a pergunta dos meus alunos. Doces enganos. De manhã eu não existo muito bem - para trabalhar. Para estudar eu sou muito boa. Eu prefiro ir para aula de manhã e estudar. É meu momento quieto e individual de martelar com meus martelos os pregos soltos e tirar os pregos presos da minha mente.

Mas voltando ao caso. Hoje acordei leve. Andei leve até o trabalho. Dei aula leve - demais. Ok´s demais. Don't worry's demais. Eu estava relax demais. Ou lenta demais? Eu estava. E não sabia depois como estar. Não tinha fome ao meio dia. Não tinha sono. Não tinha vontade.

E aí ela veio. Uma vontade por um beijo, dois, três em caminho à um banho que antes eu não tinha vontade e agora eu estava desejando - não desejando o banho, é claro. Só sei que foi. E eu pensava no que fazer depois e nada vinha à mente. Simplesmente o momento estava ali, sem preocupação nenhuma. Eu não tinha fome, sono, cansaço. Eu estava leve. Acho até que planei por alguns segundos. Não sentia mais meus pés contra o chão. Eu estava leve demais.

Agora a leveza chegou aos meus dedos e eu digito, mas sem sentir. E sem tremer palavras erradas ou erros de português. Simplesmente porque estou leve demais hoje.

Minha calça tá passada. Hora de ir.

20.5.10

ce qui me touche

"La position de cet astre en secteur situe le lieu où l'être dégage au maximum son individualité dans une voie de supersonnalisation, À la faveur d'un développement d'énergie ou d'une croissance exagerée qui est moins une abondance de force de vie qu'une tension particulière d'énergie. Ici, l'être tend à affirmer une volonté lucide d'independence qui peut le conduire à une expression supérieure et originale de sa personalité. Dans la dissonance, son exigence conduit à l'insensibilité, à la dureté, à l'excessif, à l'extremisme, au jusqu'au'boutisme, à l'aventure, aux boulerversements."

Caio F. Abreu. Morangos Mofados. O dia em que Urano entrou em Escorpião
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Não que eu entenda o que aqui se diz. É que hoje estou um pouco em francês. Quase não fui e acabei indo. Acabei me escutando falar um francês perfeito numa sala de aula de nível intermediário. Nem era a minha voz. Era somente a imagem do meu cotidiano na voz de uma francesa que fala japonês.

Voltei para casa para procurar meu conto preferido de Caio F. Abreu. Somente para poder comentá-lo amanhã. Emocionei de novo. Acho tão simples. Tão tão simples essa história que não sei. É de uma sensibilidade inevitável. Me toca. Me emociona. Me deixa de olhos lacrimejantes e com os dedos arrepiados e coçando. Eis porquê estou aqui.

Acho que sou um pouco esse rapaz de blusa vermelha que recita francês.


19.5.10

Ta gueule

Aprendi hoje. Aprendi agora a escrever. E dedico tal aos professores ultrapassados e àqueles que não sabem o que dizem.

Não sei se foi bom ou ruim. Me sinto bloqueada. Não entendo direito mais. Achei que estava bem. Achei que estava melhorando e que estava no caminho certo. Agora... não sei. Me perdi no tempo e nas palavras. Estou cansada em plena quarta-feira. Isso não acontece muito.

Je suis fatigué.

17.5.10

Ele tem. Eles têm.

Ando lendo demais.
Ando estudando demais.
Ando correndo contra o tempo, utilizando todo o tempo, todas as brechas e reinados.
Ando tentando me achar.

Tento me achar em teorias que mal conheço e que discordo. Ando tentando descobrir como posso ser "Roland Bartheana" (aka. amante de Roland Barthes) e ao mesmo tempo não caminhar de acordo com o Estruturalismo. Como posso? Como poderei estudá-lo? O que fazer? Sob qual perspectiva tomá-lo?

Ando negando idéias comunicativas. "Se a comunicação é eficaz, não importa se a gramática é ou não correta. Contanto que a idéia consiga ser passada adiante". Me sinto velha. Não pelos mesmos motivos de antes, mas por defender o bom português. Esse que se perdeu a muito tempo com a internet e seus "vcs", "pqs", "naums" - que atire a primeira pedra quem nunca, na internet ou em mensagem celular, utilizou esses termos. Até eu já usei. Mas cresci. E comecei a ler e comecei a ficar chata. E comecei a desejar o bom português. Aquele gostoso de ler. Com ou sem palavrões da linguagem chula, mas gramaticalmente correto. E quando não, com "vcs" entre parênteses ou itálico. Mas o que é ser gramaticalmente correto?

Eu me acho um absurdo. Falando do bom português e errando estruturas gramaticais (pura licença poética).

Ando muito confusa.
Procurando onde depositar minha fé gramatical.
Ando procurando uma religião lingüística.
Ando sem saber por onde andar.
Ou com quem falar português.

Mas continuo admirando quem sabe usar o "têm".


Como alguém que aprende uma língua e quer praticar a conversação.