18.11.11

Ridícula


Às vezes a gente fica sensível assim desse jeito que eu não gosto e aí dá vontade de engatinhar para debaixo da coberta e ficar quietinha, esperando o dia passar. Mas o dia passa quente e o pensamento de ficar debaixo da coberta torna-se uma coisa insuportável. Mesmo o pensamento. E aí dá vontade de chorar. Chorar. Não gosto de chorar. Não tem motivo. Me deixa em paz sensibilidade essa nada bem vinda!

Às vezes também bate uma carência de companhia, de carinho. Carência essa que se alonga de muitos anos a fio. Não pude nunca resguardar-me embaixo das cobertas, em posição fetal. Isso era fraqueza e não tinha mão alguma com toque carinhoso. Era fraqueza. E ela não gostava disso.

Às vezes dá vontade de voltar para a asa da mamãe. Mas a mãe fala demais agora, porque eu não cabo mais lá debaixo e aí não sou levada a sério nessa sensibilidade horrível. Ah! Pára com isso, ela diria. E eu concordaria e engoliria a seco o ar que eu mal respiro.

Aí, no fim das contas, o que resta é nada. Tantos anos assim, tantos anos e eu nunca aprendi a deixar de lado essa sensibilidade mal vinda. Tantos anos e eu não aprendi a viver com minha sensibilidade solitária. Tantos anos e eu mesma falando para eu deixar de besteira. Isso é fraqueza. Ninguém gosta disso. Nunca vai ter carinho. Carência é ridículo. E eu continuo assim. Ridícula.

À espera de carinho.


Ridícula mesmo.