26.4.06

Diálogo Inventado

- É melhor você ir, senão você vai se atrasar para sua aula.
- Você não quer me ver?


PAM

Para tudo. Como assim? Eu quero ver e, sim, ela quer me ver. Só tá preocupada comigo. Resposta errada. Vamos de novo.

- É melhor você ir, senão você vai se atrasar para sua aula.
- Eu vou te esperar porque eu quero te ver.
- Mas você vai se atrasar.
- Se demorar muito eu vou, daí depois eu volto. Mas eu vou esperar o máximo, porque preciso de um abraço teu.
- Tá bom então.


PAM

Resposta errada dela. Seria melhor se ela dissesse: "Oh, meu amor, também quero um abraço teu". E eu falaria "te amo". E ela falaria "te amo" e "até mais".

- Beijo.
- Beijo.
- Tchau.
- Tchau.

22.4.06

Pivete do Rio de Janeiro

Lá estou eu, saindo de algum túnel, metrô, o que seja, no Rio de Janeiro. Uma menina que eu não conhecia me abraçava e dava em cima de mim, enquanto outras me olhavam com desprezo e outras ainda me olhavam com curiosidade e interesse. Mas isso não é importante.

A gente estava saindo, pessoas coloridas e fashion. Do tipo que ainda não vi no Rio de Janeiro efetivamente. Mas elas estavam lá.

Aparece um garoto. Da nossa pouca altura. Da altura delas, pelo menos. De relance, parecia mais um do grupo, mas depois notei que ele tava roubando celulares. Ele com uns 10 bonés na cabeça, uma mochila, uma bermuda e uma camiseta. Muito bom furtador, mas eu o vi. Tirei os bonés da cabeça dele. Ele ficou puto e veio me roubar. Segurei as mãos dele e ele mesmo assim conseguia mexer nos meus bolsos, tirando alguns papéis quadrados e dobrados com detalhes que eu não podia perder. Eu pedia, "não, deixa os papéis aí, eu preciso deles, por favor!". Mas ele não devolvia. Ele pegou no meu celular e eu segurei mais forte a mão dele. Até que dei uma joelhada no saco dele. Ele saiu correndo. Deixando pra trás os papéis quadrados no chão, a mochila dele, os bonés que saíram da cabeça dele e meu celular - esse ele não conseguiu tirar da minha cintura.

Cheguei no Hotel, com a ajuda dos papéis quadrados (eu disse que eles eram importantes), abri a mochila. Vários e vários celulares. Pensei: devo devolver, mas não posso devolver assim, podem pensar que é um seqüestro, que é armação. No meio tempo, ninguém ligava pra saber do celular. Basicamente, tinham desistido. Pensei de novo: vou ligar pra polícia e vou contar o que aconteceu. Não vou entregar os celulares, porque eles nunca vão chegar aos donos. Eu mesmo quero devolver em mãos. E quero alguém pra me defender do lado. Algum policial de preferência (por mais que eu não confie tanto em policiais).

Enfim consegui conversar com um policial ou arrumar um jeito, não lembro exatamente. Liguei para a 'casa' de um dos donos dos celulares.

- Olha seguinte, isso não é um trote. Eu consegui pegar a mochila de um pivete que tava tentando me assaltar e tava cheio de celular. E um deles é esse. Eu não tenho idéia de quem é o dono, mas gostaria de devolver. Se você se sentir melhor, pode vim com polícia ou algo assim, só pra você ter certeza que não é trote. Eu te encontro na delegacia de polícia da rua tal.

Eu só queria provar que existe gente boa no mundo. Porque eu poderia ficar com todos os celulares.

Os cigarros que encontrei: um Carlton Mint e outros de uma marca que nunca vi na vida (porque elas não existem). O Carlton eu peguei e peguei um maço da outra marca pra experimentar, exatamente porque nunca tinha visto . Mas fui pro lugar marcado com a mochila, o celular na mão e perguntei se havia mais coisa que fosse da pessoa. Com honestidade, sejam honestos como eu estou sendo.

É. Só em sonho pra haver tanta honestidade assim. Mas se eu encontrasse tal bolsa, eu devolveria os celulares na vida real também.

12.4.06

aula de canto

vivir per te
per te amar
per te morir
morir per te


Vamos dizer que eu pare de tentar aprender a cantar. Deixa eu fingir seguir um pouco meu estilo que eu mal sei qual é.

Aí eu tou lá no palco, com a guitarra na mão tocando uma mistura de pop rock, com rock alternativo, electro-clash, drum 'n bass, tudo junto. Eu e meu cigarro. Minha guitarra cor grafite, com detalhes verde-limão. Um verde meio amarelo.

Essa cor:

E a alça verde também. Mesma cor. Tudo por encomenda: é que rockstar tem muito dinheiro. Cabelo preto, corte mais louco que você puder imaginar, nada tipo anos 80. Não, ele é style. Maquiagem carregada. Sombra preta, bem forte. Meu olho azul quase foge de mim. Vários garotos e garotas gritando. Não para mim - eu nunca acho que é para mim. Mas a prepotência agora vai dizer: para mim. As garotas, principalmente, gritando, precisando de mim, da minha guitarra, meu som. O que eu canto é back vocal e faz o maior sucesso.

A música começa assim: só com voz. Meio falado, meio cantado e eu: back vocal. O primeiro toque que estremece as cordas da guitarra é quase mágico. Chocante! Algo tipo Placebo, Franz Ferdinand, Prodigy, Kaiser Chiefs, Natalie Imbruglia (a Lafourcade também), Meredith Brooks... tudo junto. E sabe o que eu dou de presente para todos os pagantes do show? Uma palheta minha personalizada. Ok, ok, nossa. Nossa banda, minha banda.

Momento zen. Sentamos com nossos instrumentos. A batera se arranja com um tamborzinho. Coca-cola, cerveja, cigarro, rodinha de "violão" - violão, guitarra, baixo e o tamborzinho - ao vivo. Sensação.

No fim: cigarro e cerveja pra comemorar. Claro, alguns fotógrafos, jornalistas e fãs atendidos da melhor forma possível. Depois: amigos, namoradas e/ou namorados (sim, a banda é só de mulher). Hora de sair e comemorar com um bom jantar e dança, muita dança. Assim, com o tempo, nem vão reparar qualquer cabelo branco. 'Cause I'll be a rockstar. A guitar player, not a singer.

ps¹. cigarros acesos com zippo.
ps². quem sabe um dia eu não viro lead singer? e a banda? sou eu.

10.4.06

Começo

começa assim: sem censura, com diálogos - meus com outros personagens, mas o diálogo, em geral, criado por mim - com conversa com outros, com imagens - quem sabe? - com tudo que eu quiser e repito: o que EU quiser.