Já imagino de antimão. Uma parede. Verde. Não, branca. Enfeitada com milhões de cartões postais, imagens de revistas, desenhos, adesivos. Não, enfeitada com milhões de post it, páginas impressas e com a luz de um retroprojetor. A parede conta histórias. Minhas histórias. Minha família. A história do alfa. À direita encontra-se jogada ao chão uma escritora iniciante. Ela está deitada. Pés apontados para a parede decorada. Cabelos esvoçados, como se passasse pelo meio de uma ventania, mas não há vento naquele quarto fechado. Há uma fumaça exalada da boca dela. Cabeça apoiada, deitada em um travesseiro grosso, grande e quadrado, decorado com uma fronha com aparência velha, ou melhor, retrô, elevando seu corpo a uma posicões de 45º, se posso então chutar. Ela está em perfeitas condições de ver a decoração que armara na parede. No quarto fechado há móveis. Mas eles foram excluídos da visão, da tradução, para deixar a coisa mais hollywoodiana. Mas têm. Ela não sabe por onde começar a organizações dos fatos. Não é um bloqueio criativo. É um bloqueio organizacional, de uma mente que não permite exagerada arrumação. É um defeito próprio mental dela e de sua never ending bagunça organizada.
Ela lembra quando ela foi começar e como ela não sabia como colher as informações. Mas o velho foi levando-a em um passeio de barco em águas sempre calmas, mesmo quando manchadas de sangue ou lama. E tudo foi escrevendo-se por si só. Cronologias, histórias, pensamento, críticas da autora. Os pontos de vista dela. "Será que foi o velho que escreveu tudo isso?" - se indaga a escritora iniciante. "Eu nunca conseguirei terminar esse livro.", "como pude pensar em mim, como escritora?" - pensamentos pessimistas de autores iniciantes normais. E ela se toca e vê sua cena como vos conto. Ela deitada, em seu último trago do cigarro, olhando para a parede decorada, em um quarto fechado que tem móveis, mas eles não contam.
Ela é agora sua personagem, sua mamulenga. E a mamulenga diz: "eu consigo". E se derrama no chão enquanto a escritora iniciante apaga o cigarro e sai para fazer um chá.
Ela lembra quando ela foi começar e como ela não sabia como colher as informações. Mas o velho foi levando-a em um passeio de barco em águas sempre calmas, mesmo quando manchadas de sangue ou lama. E tudo foi escrevendo-se por si só. Cronologias, histórias, pensamento, críticas da autora. Os pontos de vista dela. "Será que foi o velho que escreveu tudo isso?" - se indaga a escritora iniciante. "Eu nunca conseguirei terminar esse livro.", "como pude pensar em mim, como escritora?" - pensamentos pessimistas de autores iniciantes normais. E ela se toca e vê sua cena como vos conto. Ela deitada, em seu último trago do cigarro, olhando para a parede decorada, em um quarto fechado que tem móveis, mas eles não contam.
Ela é agora sua personagem, sua mamulenga. E a mamulenga diz: "eu consigo". E se derrama no chão enquanto a escritora iniciante apaga o cigarro e sai para fazer um chá.
Um comentário:
as palavras precisam ser colocadas como brainstorm no papel, para que os outros as traguem e pensem na complexidade de cada ponto, cada linha, cada frase, cada letra, cada palavra...
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